Não me sinto mais uma mulher...
Me sinto uma máquina da empresa onde trabalho,
Um equipamento útil pelas 9 horas diárias.
Não consigo mais ver beleza em mim nas poucas vezes que
ouso encarar o espelho.
Vejo um rosto cansado,
Cabelos embranquecendo,
Olhar caído,
Pele amarelada...
Não consigo mais me insinuar, mesmo que forçando
Sem me sentir ridícula...
Fico me imaginando como parte de um destes filmes que ridicularizam
as pessoas fora do padrão de beleza magreza +juventude+dentes brancos+cabelos
sedosos.
Não é falta de interesse por ti,
É vergonha ...
É consciência do que sou e do que represento.
Sou uma sombra do que fui,
Mesmo que tenha sido ridícula, sou então uma sombra
ridícula.
A esperança é que com a idade a memória começa a falhar
E as chances de minha própria comparação entre eu atual e
eu antigamente não exista mais.